"Língua Mátria": poetas (mulheres) sobre a linguagem (2025)
Ministrante: Mariana Holms
Oferecido pelo Projeto Vice Versa (UERJ), coordenado pelo Prof. Dr. Danilo Serpa
A língua alemã muitas vezes é apresentada como a língua de Goethe, de Freud ou mesmo de Nietzsche, quer dizer, uma língua caracterizada por intelectuais homens. A reflexão e produção nessa língua - como em todas - se dá, porém, com a participação ativa de muitas mulheres, ainda que para estas falte, frequentemente, o reconhecimento. Nesse seminário, apresentaremos poetas mulheres, ampliando a perspectiva sobre a poesia escrita em língua alemã, e observaremos os temas que emergem nesses textos junto da sua composição formal. Assim, entramos em contato com as questões dessas mulheres diante de sua experiência social, cultural e política. Trata-se aqui, portanto, da língua alemã de Therese von Artner, Ada Christen (século XIX), Rose Ausländer e Hilde Domin (século XX), Elfriede Gertl e Ulrike Draesner (final do século XX e início de XXI), Lina Atfah e Precious Chiebonam Nnebedum (século XXI), poetas que leremos ao longo de quatro encontros. Para além da ideia de língua materna, entendida não como lugar de afeto e nutrição (tradicionalmente associado à ideia da função materna), mas de habitação e resistência da vida, propõe-se ainda analisar como essas autoras lidam com a língua como um lugar de identidade que é diverso, interseccional, globalizado.
As aulas se encontram disponíveis no canal do Projeto Vice Versa (UERJ) no YouTube:
Sonhos infamiliares de uma poeta exilada (2023)
Ministrante: Mariana Holms
Oferecido pelo Serviço de Cultura e Extensão da FFLCH/USP, coordenação: Prof.ª Dr.ª Juliana P. Perez
Sonhos são construções narrativas e simbólicas relevantes no desenvolvimento cognitivo do ser humano, como escreve Sidarta Ribeiro em seu livro O oráculo da noite (2019). Sonhos se tornaram objeto fundamental de investigação de Sigmund Freud na criação da Psicanálise e, durante a Segunda Grande Guerra, foram coletados e estudados por Charlotte Beradt (2021) na Alemanha e fora dela, demonstrando como o nazifascismo se entravanha na mente e no imaginário dos cidadãos oprimidos por um regime totalitário. No século seguinte, ao longo dos primeiros anos da pandemia de Covid-19, pesquisadores brasileiros da área de Psicologia, inspirados em Beradt, compuseram a obra Sonhos confinados (2021), compilando sonhos que manifestavam profunda angústia relativa aos riscos da doença e ao quadro político do país. A proposta deste curso se justifica por sua atualidade, pelo vínculo dos sonhos com questões relevantes de caráter tanto social como individual, e pela força literária dessas narrativas. No curso, serão analisadas narrativas oníricas de Paula Ludwig (1900-1974), uma poeta austríaca que fora exilada no Brasil entre os anos de 1940 e 1943, cujos sonhos foram reunidos no livro Träume [Sonhos] (1962). Sendo assim, um público que dificilmente teria acesso à biografia e aos textos da autora pode conhecer a produção original de uma mulher que enfrentou condições históricas muito desafiadoras no exílio brasileiro. Além disso, diferentes aspectos da experiência de exílio são demonstráveis a partir dessas narrativas: a vulnerabilidade do indivíduo e o deslocamento cultural, as crises políticas, a resistência por meio da arte e o desejo de sobreviver. Focalizando a obra de uma autora expressionista internacional e inédita no Brasil, os temas aqui elencados estimulam reflexões e debate sobre assuntos pertinentes à experiência humana, social e individual, política e estética.
O objetivo primordial do curso é ler e discutir coletivamente textos literários de Paula Ludwig (1900-1974), escritora austríaca expressionista e exilada no Brasil entre 1940 e 1953, que consistem em relatos de sonhos ou narrativas oníricas. Estas são elaborações literárias de tramas e situações que a escritora teria sonhado e publicou na obra Träume [Sonhos] (1962). Em cada aula serão analisadas quatro narrativas com tradução inédita ao português. A seleção de sonhos a ser apresentada reflete aspectos da experiência de exílio desde o estranhamento da Alemanha e da Áustria sob o regime nazista (1933-1940) e trazem à luz elementos da disposição emocional da escritora em sua fuga da Europa e seu refúgio em um país de cultura, língua e paisagens social, natural e urbana, estranhas a ela. Estranhas? Nossa pergunta central ao estudar essas narrativas de sonhos é o quanto elas realmente são estranhas ou, utilizando o adjetivo conceitualizado por Sigmund Freud (2020; 2021), unheimlich [infamiliares]. A abordagem teórica nesse curso se dará por meio das ferramentas disponibilizadas pela Teoria Literária, pela Psicanálise, e está inserida nos campos de pesquisa da Literatura de Exílio e da Imagologia.
Imagens do Brasil na literatura de exilados de língua alemã (2021)
Ministrantes: Prof.ª Dr.ª Celeste Ribeiro-de-Souza, Mariana Holms e Larissa Fumis
Oferecido pelo Serviço de Cultura e Extensão da FFLCH/USP, coordenação: Prof.ª Dr.ª Juliana P. Perez
A imagem do Brasil é um tema atual e afeta tanto brasileiros quanto estrangeiros que decidiram ou tiveram de imigrar ou de procurar refúgio temporário no país. Questões controversas como as pressupostas receptividade, harmonia, ausência de preconceito aparecem no imaginário relativo ao país, cunhado por Stefan Zweig, como "país do futuro". Na experiência de Paula Ludwig e de Ulrich Becher, que se mostram opostas à representação de Zweig, encontramos uma imagem intrincada. Na obra poética de Ludwig, a natureza é descrita como amedrontadora e fascinante e, nos cantos de Becher, a exuberância da natureza é comparada à loucura. A aproximação da autora e dos autores proporciona o debate e a reflexão acerca da diversidade de experiências de pessoas exiladas entre 1939 e 1945 no Brasil.
O curso foi delineado com o objetivo de introduzir a questão da imagem do Brasil na literatura de língua estrangeira e apresentar o campo de pesquisa interdisciplinar que compreende literatura, história, estudos culturais, entre outros campos de conhecimento. Este curso se restringirá aos casos de três exilados de língua alemã entre 1939 e 1945, observando os escritos de uma autora e dois autores vindo da Áustria e Alemanha: Paula Ludwig, Stefan Zweig e Ulrich Becher. Como essas pessoas imaginaram, experimentaram e retrataram o Brasil é a questão central desse curso. Como consequência desse curso, esperamos que as pessoas participantes se interessem pela leitura e pela pesquisa com as ferramentas de análise e crítica oferecidas.
poetAs exiladAs de língua alemã (2020a e 2020b)
Ministrantes: Juliana Lopes, Mariana Braga, Mariana Holms, Sofia Mariutti (2020a e 2020b) e Luiz Abdala Jr. (2020b).
Oferecido pelo Serviço de Cultura e Extensão da FFLCH/USP, coordenação: Prof.ª Dr.ª Juliana P. Perez
Quando se fala de literatura de exílio em língua alemã, pensa-se logo em Bertolt Brecht, Thomas Mann e Stefan Zweig. E as mulheres? Quais nomes vêm à memória? Essa falta de atenção às mulheres no cânone literário faz com que elas sejam consideradas “esquecidas”, “apagadas”, “silenciadas”. É necessário redescobri-las e, assim, desenvolver uma noção equânime da produção literária de determinadas épocas e movimentos estéticos. Conhecer mulheres intelectuais, poetas, artistas que atuaram no exílio por terem sido obrigadas a fugir do regime nazista, é fundamental para se ter uma visão mais ampla da experiência de fuga do país de origem e adaptação no lugar de refúgio. Há uma variedade notável de poetas mulheres que ocupam um lugar relevante na literatura de exílio de língua alemã e que, no entanto, recebem ainda pouca atenção nos debates acadêmicos e editoriais. Conhecê-las é fundamental para se ter uma visão mais ampla da experiência de fuga de um regime totalitário e do processo de adaptação (e suas dificuldades) no lugar de refúgio. Por isso, concebemos com este curso um espaço dedicado à leitura e discussão da obra de cinco mulheres intelectuais, poetas e artistas, que atuaram no exílio e refletiram sobre as diferenças linguísticas e culturais, sobre a condição de estrangeiro e a experiência do desterro.
O curso “Poetas exiladas de língua alemã” tem por objetivo apresentar mulheres austríacas, suíças, alemãs que compuseram poemas na época do exílio, expressando-se na sua lírica sobre a condição de vida imposta pela Segunda Guerra Mundial, a fuga da perseguição nazista, as relações de identificação e estranhamento com a língua alemã, o lugar de refúgio e sua língua. No curso, propomos a leitura e análise dos seus poemas para nos aproximarmos da experiência do exílio através de suas vozes, pouco consideradas na tradição literária acadêmica. As poetas contempladas neste curso serão: Else Lasker-Schüler (1868-1945), Nelly Sachs (1891-1970), Paula Ludwig (1900-1974), Rose Ausländer (1901-1988) e Hilde Domin (1909-2006).
2020a (curso de verão): https://sce.fflch.usp.br/node/3404
2020b (curso de inverno): https://sce.fflch.usp.br/node/3712
2018 (presencial)
2020 (online)
Novela, 2021 (online)
Poesia, 2022 (online)
Quem tem medo de literatura alemã? (2018, 2020, 2021, 2022)
Organizadores: Mariana Holms e Matheus Guménin Barreto (2018-2022), Juliana Lopes (2021)
Ministrantes: cada edição contou com diversas pessoas que cursavam Mestrado e Doutorado na Pós-Graduação em Língua e Literatura Alemã (DLM/USP)
Oferecido pelo Serviço de Cultura e Extensão da FFLCH/USP, coordenação: Prof. Dr. Helmut Galle, Prof.ª Dr.ª Juliana P. Perez
O curso “Quem tem medo de literatura alemã?” se iniciou em 2018, oferecendo um espaço inclusivo e gratuito à literatura escrita em língua alemã como raramente se encontra nos contextos institucionais brasileiros. Este curso de difusão se justifica primeiramente como modo de preencher essa lacuna cultural. É também um importante espaço que confere visibilidade às pesquisas realizadas por estudantes na Pós-graduação do Programa de Língua e Literatura Alemã da USP; além de tornar acessível à sociedade os temas desenvolvidos na universidade, as/os ministrantes adquirem a experiência de apresentar seus trabalhos em desenvolvimento e dialogar com o público acerca de autoras e autores que integram suas pesquisas ou seus campos de interesse imediatos. O curso Quem tem medo de literatura alemã? se justifica, então, duplamente: pelo espaço privilegiado para a exposição de pesquisas em andamento e pela difusão de uma das literaturas mais influentes do ocidente. Em 2022, a organização da quarta edição deste curso se justifica também pela consolidação desse espaço de democratização do conhecimento acadêmico e de experimentação da atividade docente.